Kylie Jenner Reprodução Instagram Aos 25 anos, muitas pessoas já recorrem à toxina botulínica não para corrigir rugas, mas para impedir que elas apareçam. Kylie Jenner Reprodução Instagram Aos 25 anos, muitas pessoas já recorrem à toxina botulínica não para corrigir rugas, mas para impedir que elas apareçam.

Antes das rugas: como a estética preventiva virou pauta entre jovens

2025/12/13 23:45
Kylie Jenner — Foto: Reprodução Instagram Kylie Jenner — Foto: Reprodução Instagram

Aos 25 anos, muitas pessoas já recorrem à toxina botulínica não para corrigir rugas, mas para impedir que elas apareçam. O que até poucos anos atrás seria considerado precoce passou a integrar uma lógica mais ampla de cuidado contínuo com a aparência. Celebridades jovens que falam abertamente sobre preenchimentos, lasers e aplicações preventivas ajudaram a normalizar esse comportamento e a torná-lo parte do vocabulário cotidiano. Mais do que uma tendência pontual, trata-se de uma mudança estrutural na forma como uma nova geração se relaciona com o envelhecimento.

Esse movimento ganhou nome e força: prejuvenation. A estética preventiva parte do princípio de que envelhecer não é algo a ser combatido apenas quando os sinais surgem, mas administrado ao longo do tempo. Entre jovens adultos e integrantes da Geração Z, procedimentos minimamente invasivos passaram a ser vistos como manutenção, e não como correção.

Continuar lendo

Observações recorrentes no setor de dermatologia e medicina estética, especialmente em mercados como Estados Unidos e Europa, mostram que a prática deixou de ocupar o lugar de tabu e passou a integrar a rotina de autocuidado, ao lado de hábitos como alimentação equilibrada, exercícios físicos e atenção à saúde mental.

Levantamentos recentes de associações médicas internacionais e análises do próprio mercado estético indicam que uma parcela cada vez maior dos pacientes de toxina botulínica e tratamentos não invasivos tem menos de 35 anos, com crescimento consistente também entre pessoas de 18 a 24 anos.

Para esse público, a estética não carrega necessariamente a ideia de vaidade excessiva, mas de controle, previsibilidade e autonomia sobre a própria imagem. Envelhecer, nesse contexto, deixa de ser um evento inesperado e passa a ser algo gerenciado ao longo do tempo.

Essa mudança também reposiciona a própria medicina estética. O foco se desloca de intervenções pontuais para um acompanhamento contínuo, mais próximo da lógica da prevenção do que da correção. Ainda assim, especialistas reforçam que não existe uma idade universal ou protocolo rígido para iniciar procedimentos.

“A indicação de tratamentos como toxina botulínica ou preenchimentos depende da avaliação individual. O ideal é que os cuidados comecem com hábitos básicos, como o uso diário de protetor solar e a manutenção da saúde cutânea”, explica a cirurgiã plástica, Ana Penha Scaramussa Ofranti, da Revion International Clinic e membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP). Na prática clínica, muitos pacientes jovens se beneficiam mais de orientações preventivas do que de intervenções estéticas propriamente ditas.

Ao mesmo tempo, a popularização da estética preventiva revela tensões culturais importantes. A Geração Z cresceu imersa em imagens digitais, filtros e referências visuais altamente editadas. Nesse cenário, a linha entre autocuidado e pressão estética se torna mais tênue.

Relatos frequentes em clínicas dermatológicas apontam um aumento de pacientes que chegam ao consultório com expectativas baseadas em selfies e padrões irreais, fenômeno associado ao que especialistas descrevem como dismorfia do filtro, quando a imagem digital passa a ser tomada como objetivo estético no mundo real. “A decisão de realizar um procedimento deve partir do desejo genuíno de se sentir bem, e não da tentativa de atender a padrões irreais”, alerta a médica.

Mesmo com protocolos mais seguros e tecnologias avançadas, o excesso segue como ponto de atenção no setor. A prática clínica mostra que aplicações repetidas de toxina botulínica sem indicação clara podem levar à resistência do organismo à substância, enquanto o uso exagerado de preenchedores pode comprometer a expressão natural e gerar desarmonia facial.

O debate contemporâneo não gira em torno de demonizar procedimentos precoces, mas de compreender os limites entre prevenção consciente e intervenções guiadas apenas por tendência ou pressão social.

No centro dessa discussão está uma mudança de mentalidade mais ampla. Para a nova geração, cuidar da aparência cedo não é necessariamente sinal de insegurança, mas de planejamento. A estética passa a ser entendida como parte da gestão da própria identidade e da imagem pública.

Ainda assim, especialistas do setor ressaltam que a medicina estética funciona melhor quando há propósito claro, critério técnico e expectativas realistas. Em muitos casos, os pilares mais eficazes continuam sendo os mais simples: sono adequado, alimentação equilibrada, hidratação e proteção solar.

No fim, a estética preventiva diz menos sobre juventude eterna e mais sobre como cada geração escolhe atravessar o tempo. Envelhecer continua sendo inevitável. A diferença está em transformar esse processo em um campo de decisões conscientes, informadas e individualizadas, e não apenas em uma resposta tardia aos sinais do espelho.

Mais recente Próxima Futuro da música: IA, streaming, audiovisual e superfãs devem moldar a indústria
Isenção de responsabilidade: Os artigos republicados neste site são provenientes de plataformas públicas e são fornecidos apenas para fins informativos. Eles não refletem necessariamente a opinião da MEXC. Todos os direitos permanecem com os autores originais. Se você acredita que algum conteúdo infringe direitos de terceiros, entre em contato pelo e-mail [email protected] para solicitar a remoção. A MEXC não oferece garantias quanto à precisão, integridade ou atualidade das informações e não se responsabiliza por quaisquer ações tomadas com base no conteúdo fornecido. O conteúdo não constitui aconselhamento financeiro, jurídico ou profissional, nem deve ser considerado uma recomendação ou endosso por parte da MEXC.