Atividade industrial impacta desempenho da economia brasileira em outubro
A atividade econômica brasileira perdeu fôlego em outubro, pressionada principalmente pelo desempenho negativo da indústria e dos serviços. O Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br), considerado uma prévia do Produto Interno Bruto (PIB), registrou queda de 0,2% no mês, contrariando a expectativa do mercado, que projetava alta de 0,10%.
O resultado reforça os sinais de desaceleração da economia ao longo do segundo semestre e adiciona novos elementos ao debate sobre o início do ciclo de cortes da taxa Selic pelo Comitê de Política Monetária (Copom), esperado para o primeiro trimestre de 2026.
Com o recuo observado em outubro, o IBC-Br completou o segundo resultado negativo seguido, após queda de 0,19% em setembro — dado revisado pelo Banco Central, que inicialmente havia informado retração de 0,20%.
A sequência de resultados negativos sugere uma perda de ritmo mais disseminada da atividade econômica, em linha com o impacto defasado da política monetária restritiva adotada ao longo do último ano.
A abertura setorial do indicador mostra que a retração foi concentrada nos segmentos mais sensíveis ao ciclo econômico. A indústria recuou 0,7% na margem, enquanto os serviços caíram 0,2%, contribuindo de forma relevante para o resultado agregado.
Na direção oposta, a agropecuária avançou 3,1% no mês, movimento que ajudou a atenuar parcialmente a queda do indicador. Sem o desempenho positivo do setor agrícola, o recuo do IBC-Br teria sido ainda mais intenso, estimado em 0,3%.
A divergência entre o resultado negativo do IBC-Br e alguns dados setoriais positivos divulgados pelo IBGE chamou a atenção dos analistas. A explicação está nas diferenças metodológicas entre os indicadores.
O IBC-Br utiliza pesos distintos daqueles empregados em pesquisas como a Pesquisa Mensal de Serviços (PMS), especialmente em segmentos como transporte, o que pode gerar leituras diferentes no curto prazo.
Apesar desse descolamento pontual, a avaliação predominante é de que a tendência geral aponta para arrefecimento da atividade, especialmente nos setores mais dependentes de crédito e investimento.
A leitura dos dados indica que os setores menos sensíveis ao ciclo econômico, como a agropecuária, continuam apresentando maior resiliência. Já os segmentos mais cíclicos, como indústria e serviços, vêm mostrando sinais mais claros de desaceleração.
Além disso, setores industriais intensivos em capital seguem impactados por custos elevados e pelo ambiente financeiro mais restritivo. No consumo, observa-se uma desaceleração contínua nas vendas de alimentos, tanto no varejo quanto no setor de restaurantes.
As projeções para o crescimento econômico refletem esse cenário de perda gradual de tração. A expectativa é de um PIB próximo de zero no quarto trimestre de 2025, em linha com o comportamento observado no segundo semestre.
Para o fechamento de 2025, a estimativa é de crescimento de 2,2%, enquanto algumas projeções apontam para avanço de 0,2% no quarto trimestre e 2,3% no acumulado do ano.
O conjunto de dados reforça a avaliação de que a economia brasileira encerra o ano em ritmo mais moderado, criando espaço para ajustes na política monetária ao longo dos próximos meses, caso o processo de desinflação se consolide.


