O Bitcoin registrou queda de aproximadamente 2% nas últimas 24 horas, negociando próximo a US$ 87 mil nesta terça-feira, 16 de dezembro de 2025. A redução estende uma sequência de perdas impulsionada por saídas líquidas de fundos de investimento em Bitcoin (ETFs) e incertezas macroeconômicas globais que afetam a demanda por ativos de risco.
Relatórios indicam saídas líquidas de US$ 351,7 milhões em ETFs de Bitcoin no dia 15 de dezembro, lideradas pela Grayscale. Essa movimentação de capitais reflete cautela entre investidores institucionais diante de sinais contraditórios dos mercados financeiros globais.
Analistas apontam que o Bitcoin enfrenta zona de suporte crítica em US$ 84 mil a US$ 85 mil. Caso esse nível não se mantenha, a maior criptomoeda do mundo pode testar suportes mais profundos próximos a US$ 74 mil, registrado como mínima do ano em abril de 2025.
Em reais, o Bitcoin é cotado em torno de R$ 469 mil, refletindo também a pressão do dólar americano sobre a moeda brasileira, que acumula valorização de 2,38% em dezembro.
Em desenvolvimento positivo para o setor, a Comissão de Valores Mobiliários dos EUA (SEC) aprovou recentemente o Bitwise 10 Crypto Index Fund, o segundo Exchange-Traded Product (ETP) de índice cripto nos EUA. O fundo será negociado na NYSE Arca e oferece exposição diversificada às 10 maiores criptomoedas com rebalanceamento mensal.
Essa aprovação, que segue a do Grayscale em julho de 2025, sinaliza maior integração regulada das criptomoedas ao sistema financeiro tradicional, similar a fundos de commodities. O presidente da SEC, Paul Atkins, reuniu-se com executivos do setor cripto em 15 de dezembro para discutir equilíbrio entre vigilância financeira e privacidade de usuários.
Apesar dos avanços regulatórios, o Senado dos EUA adiou para 2026 a análise do projeto de estrutura de mercado cripto, frustrando expectativas da indústria por avanços legislativos mais substanciais em 2025.
A volatilidade do Bitcoin reflete dinâmicas mais amplas nos mercados financeiros globais. A Bolsa de Valores do Brasil (B3) caiu 2,42% em sessão recente, impulsionada por indefinição sobre a trajetória de juros no Brasil e no exterior, além da pressão do dólar.
A Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL) manteve sua projeção de crescimento regional em 2,4% para 2025 e 2,3% para 2026, observando fragilidade da demanda interna e recuperação lenta dos mercados de trabalho. Essa desaceleração econômica reduz o apetite por ativos de risco, incluindo criptomoedas.
Nos Estados Unidos, sinais de manutenção ou lentidão na redução de juros por parte do Federal Reserve (Fed) elevaram o prêmio por ativos de risco e incentivaram fuga de capitais de mercados emergentes, afetando diretamente o preço do Bitcoin e outras criptomoedas.
A nova Estratégia de Segurança Nacional dos EUA, anunciada em 4 de dezembro de 2025, adiciona camada de complexidade ao cenário econômico global. A doutrina americana abandona o multilateralismo em favor de relações bilaterais, priorizando reindustrialização, acesso a minerais críticos e terras raras.
Essa reorientação geopolítica tem implicações diretas para o Brasil. Os Estados Unidos avançam silenciosamente sobre as reservas brasileiras de terras raras, a segunda maior do mundo. Esses minerais são essenciais para a transição energética global, produção de semicondutores e tecnologias de defesa — setores críticos para a adoção de criptomoedas e infraestrutura blockchain.
A China, principal rival dos EUA, domina 60% da produção global e 90% do refino de terras raras. A demanda por esses minerais deve crescer 1.500% até 2050, intensificando a corrida geopolítica por recursos estratégicos. Essa tensão EUA-China afeta indiretamente os mercados de criptomoedas, que dependem de infraestrutura de computação e energia.
A convergência de fatores econômicos e geopolíticos cria ambiente desafiador para criptomoedas. A volatilidade do Bitcoin reflete não apenas dinâmicas de mercado, mas também incertezas sobre política monetária global, tensões comerciais e competição por recursos estratégicos.
Analistas alertam que, apesar de recuperação momentânea, o Bitcoin pode testar níveis abaixo de US$ 80 mil dependendo do sentimento de mercado e dados macroeconômicos. A aprovação de novos produtos cripto pela SEC oferece algum suporte institucional, mas não é suficiente para compensar pressões macroeconômicas mais amplas.
Para investidores brasileiros, a situação é particularmente complexa. A valorização do dólar, pressão sobre a Bolsa brasileira e incertezas sobre juros domésticos criam ambiente de aversão ao risco que afeta tanto criptomoedas quanto outros ativos alternativos.
Nos próximos dias, investidores monitorarão:
O Bitcoin permanece em zona de incerteza, com suportes técnicos críticos sendo testados. A integração regulatória de criptomoedas ao sistema financeiro tradicional oferece perspectiva de longo prazo, mas pressões macroeconômicas de curto prazo continuam dominando a dinâmica de preços.
Acompanhe as próximas atualizações sobre mercados de criptomoedas, economia global e geopolítica para entender melhor como esses fatores interconectados moldam o futuro dos ativos digitais.



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